Dólar cai para R$ 5,35, menor valor em mais de um ano; bolsa recua

 Dólar recuou 0,71% e fechou a R$ 5,3535; Ibovespa caiu 0,61%, a 142.272 pontos.

Dólar — Foto: Reuters/Lee Jae-Won/Foto de arquivo


Desempenho do dia

O dólar fechou em queda de 0,71% nesta sexta-feira (12), cotado a R$ 5,3535. É o menor valor desde 7 de junho de 2024, quando a moeda havia encerrado a R$ 5,3242.

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, recuou 0,61%, aos 142.272 pontos. A queda veio após o recorde da véspera, em um movimento de realização de lucros por parte dos investidores.

Durante o pregão, o mercado reagiu à divulgação de novos indicadores nos Estados Unidos e acompanhou as possíveis respostas do governo Trump à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, definida na quinta-feira (11). O episódio também pressionou a bolsa.

Cenário externo

Na véspera, os mercados reagiram com otimismo aos dados de emprego e inflação dos Estados Unidos, que aumentaram as expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

Nesta sexta-feira (12), o índice de confiança do consumidor de setembro ficou em 55,4 pontos, abaixo da projeção de 58. O resultado reforça a percepção de desaceleração econômica, indicando maior cautela dos consumidores com o futuro. Isso pode reduzir o consumo e a atividade econômica, elevando as chances de cortes de juros pelo Fed.

Nos EUA, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro também repercutiu. O presidente Donald Trump classificou a decisão como "terrível" e disse estar "muito insatisfeito". Já o secretário de Estado, Marco Rubio, prometeu uma resposta do governo americano.

Cenário interno

No Brasil, o IBGE informou que os serviços cresceram 0,3% em julho, em linha com as expectativas. Foi a sexta alta seguida do setor.

Na comparação com julho do ano passado, o avanço foi de 2,8%, acima da previsão de 2,6%, e marcou o maior nível da série histórica.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) mede a variação da receita e do volume de serviços prestados por empresas com 20 ou mais funcionários, servindo de referência para a análise da economia e para a definição de políticas públicas e investimentos.

Leilões do Banco Central

O Banco Central realizou nesta sexta-feira dois leilões de dólares durante a manhã, com oferta total de US$ 1 bilhão, para renovar contratos que vencem em 2 de outubro.

Mais tarde, foi feito outro leilão de até 40 mil contratos para rolagem de vencimentos em 1º de outubro de 2025.

Esses leilões influenciam diretamente o preço do dólar, ajudando a conter variações excessivas da moeda no mercado.

Desempenho do dólar

  • Acumulado da semana: -0,26%

  • Acumulado do mês: +0,60%

  • Acumulado do ano: +18,28%

Repercussão internacional

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado, definida na quinta-feira (11) pela Primeira Turma do STF, também repercutiu fora do Brasil. Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão.

O presidente dos EUA, Donald Trump, criticou a decisão, chamando-a de "terrível" e dizendo estar "muito insatisfeito". Ele comparou o caso ao que enfrentou na Justiça americana:

"Isso é muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil e ele é um bom homem", afirmou.

Reações dos EUA à condenação

Trump não comentou se pretende impor sanções ao Brasil. Já o secretário de Estado, Marco Rubio, publicou na rede X que os EUA "responderão de forma adequada a essa caça às bruxas".

Confiança do consumidor nos EUA

A confiança do consumidor nos EUA caiu pelo segundo mês consecutivo em setembro, à medida que os consumidores perceberam riscos crescentes para negócios, mercado de trabalho e inflação.

A Pesquisa de Consumidores da Universidade de Michigan mostrou nesta sexta-feira (12) que o Índice de Opinião do Consumidor caiu para 55,4, o menor nível desde maio, ante 58,2 em agosto. Economistas consultados pela Reuters esperavam 58, praticamente estável.

"Os consumidores continuam a observar múltiplas vulnerabilidades na economia, com riscos crescentes para negócios, mercado de trabalho e inflação", disse Joanne Hsu, diretora da pesquisa.

Segundo Hsu, os consumidores também perceberam riscos para suas finanças pessoais, que diminuíram cerca de 8% neste mês. A política comercial segue relevante, com cerca de 60% dos entrevistados comentando espontaneamente sobre tarifas, número estável em relação ao mês anterior.

Volume de serviços no Brasil

O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho em relação ao mês anterior, informou o IBGE nesta sexta-feira (12), em linha com as expectativas de economistas.

Foi a sexta alta mensal consecutiva do setor, que mostra resiliência mesmo em meio ao aperto monetário. Na comparação anual, os serviços avançaram 2,8%, renovando o ponto mais alto da série histórica.

Economistas esperavam alta de 0,3% sobre junho e crescimento de 2,6% na comparação anual, segundo pesquisa da Reuters.

Desempenho por atividade

De acordo com o IBGE, três das cinco atividades pesquisadas tiveram alta:

  • Informação e comunicação: +1%

  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: +0,4%

  • Serviços prestados às famílias: +0,3%

Os transportes tiveram a maior retração (-0,6%), seguidos por outros serviços (-0,2%). Segundo Rodrigo Logo, gerente da pesquisa, o desempenho fraco de transportes refletiu a queda das receitas do transporte aéreo, após cinco meses consecutivos de crescimento, em meio à alta nos preços das passagens.

O Banco Central, que volta a se reunir na próxima semana para deliberar sobre os juros, tem destacado preocupação com a resiliência da inflação de serviços, já que o setor opera acima do seu potencial. A expectativa é que a Selic seja mantida em 15%.

Bolsas globais

Em Wall Street, os mercados fecharam mistos nesta sexta-feira (12), após uma semana marcada por dados econômicos que mantiveram a expectativa de redução de juros pelo Fed na próxima semana.

  • Nasdaq: +0,45%, a 22.141,10 pontos (quinto recorde consecutivo)

  • Dow Jones: -0,59%, a 45.834,22 pontos

  • S&P 500: -0,06%, a 6.583,63 pontos

Na Europa, a maioria das bolsas caiu, pressionada por ações do setor de saúde. Investidores aguardavam também a decisão da agência Fitch sobre a nota de crédito da França.

  • Londres (FTSE): -0,15%, a 9.283 pontos

  • Frankfurt (DAX): -0,02%, a 23.698 pontos

  • Paris (CAC): -0,02%, a 7.825 pontos

  • Milão (FTSE/MIB): +0,32%, a 42.566 pontos

Na Ásia, os resultados foram mistos: as bolsas chinesas recuaram após atingirem o maior nível em dez anos, enquanto Hong Kong teve ganhos impulsionados por avanços em inteligência artificial. Em outras partes da região, o clima foi de otimismo.

Fechamento das bolsas na Ásia

  • Xangai (SSEC): -0,12%, a 3.870 pontos

  • China (CSI300): -0,57%, a 4.522 pontos

  • Hong Kong (Hang Seng): +1,16%, a 26.388 pontos

  • Tóquio (Nikkei): +0,89%, a 44.768 pontos

  • Seul (Kospi): +1,54%, a 3.395 pontos

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