Morador de rua é morto por PMs com tiros de fuzil após se render no Centro de SP; dupla foi presa

Dois policiais militares do 7° Batalhão da Força Tática foram presos na terça-feira (22) pela Corregedoria da corporação, em uma investigação sobre a morte de um morador de rua no Viaduto 25 de Março, região do Parque Dom Pedro II, no Centro de São Paulo.

Viatura da Polícia Militar do Estado de São Paulo — Foto: Divulgação/Polícia Militar

Segundo a decisão judicial que decretou a prisão dos agentes, a vítima foi baleada por um dos PMs com tiros de fuzil — um deles na cabeça — quando já estava rendida. No momento dos disparos, o outro policial tampou com a mão a lente da câmera corporal.

Na noite de 13 de junho, os dois policiais informaram que haviam estacionado a viatura de patrulhamento no trecho entre a Rua da Figueira e o Viaduto Antônio Nakashima, quando um morador em situação de rua desceu de uma árvore.

Ao pedirem os documentos, os policiais Alan Wallace dos Santos Moreira e Danilo Gehrinh constataram que o alagoano Jeferson de Souza, de 23 anos, era procurado por estupro e agressão.

Segundo relataram, ao anunciar que Jeferson seria conduzido ao Distrito Policial da região, ele teria tentado tomar a arma de um dos agentes. Conforme o boletim de ocorrência, os PMs então reagiram e atiraram pelo menos três vezes com fuzis.

No entanto, o registro feito pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) afirma que os peritos encontraram oito perfurações no corpo da vítima — duas delas na cabeça.

Na ocasião, os policiais estavam com câmeras corporais, mas informações iniciais indicam que elas foram propositalmente encobertas.

O boletim de ocorrência mostra que os investigadores procuraram câmeras de segurança da região, mas afirmaram que a dinâmica dos fatos narrados pelos policiais não pôde ser esclarecida, pois a abordagem ocorreu atrás de uma pilastra.

Jeferson de Souza chegou a ser levado ao Pronto-Socorro da Santa Casa, no Centro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Nenhum parente da vítima foi localizado até o momento.

Durante o inquérito conduzido pelo DHPP e pela Corregedoria da PM, a 4ª Vara do Tribunal do Júri decretou a prisão preventiva dos dois policiais. O processo tramita em segredo de Justiça.

Após a prisão, os agentes foram levados pela Corregedoria da PM ao 78º Distrito Policial dos Jardins e, em seguida, encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte da capital.

Um terceiro policial militar estava presente na cena, mas não foi incluído na investigação, pois permaneceu dentro da viatura durante toda a ocorrência.