Motta nega negociação com oposição para desocupação da Câmara e promete providências

 Oposição pressionava por anistia aos condenados do 8 de Janeiro e fim do foro privilegiado. Hugo Motta afirma que diálogo prevaleceu, mas promete investigar bloqueios ao plenário.

Hugo Motta senta em cadeira na Câmara após ser impedido por aliados de Jair Bolsonaro — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta quinta-feira (7) ter feito qualquer acordo político com parlamentares da oposição para encerrar os protestos que bloquearam o plenário da Casa. O movimento, liderado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, durou quase dois dias e teve como foco a prisão domiciliar do ex-mandatário, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

“A presidência da Câmara é inegociável. Quero que isso fique bem claro. O presidente da Câmara não negocia as suas prerrogativas, nem com a oposição, nem com o governo, nem com absolutamente ninguém", declarou Motta em entrevista coletiva.

Bloqueio e pressão da oposição

Deputados e senadores da oposição ocuparam espaços no plenário da Câmara e do Senado, impedindo a realização de sessões. O protesto exigia a análise de pautas consideradas prioritárias, como:

  • Anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro;

  • Fim do foro privilegiado para autoridades.

Durante o impasse, o funcionamento do Congresso foi paralisado, e reuniões foram canceladas. Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), buscaram uma saída institucional ao longo do dia.

Tentativa de retomada e embates

Na noite de quarta-feira (6), Hugo Motta tentou reassumir o comando do plenário. Em cenas transmitidas ao vivo, aproximou-se da mesa diretora, mas foi impedido pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), que se recusou a deixar o assento. Após hesitar, Motta recuou e buscou apoio entre aliados para uma nova investida.

Somente após ser escoltado por parlamentares aliados, o presidente conseguiu se sentar na cadeira da presidência. Em discurso, tentou acalmar os ânimos:

"Projetos pessoais e eleitorais não podem estar à frente do que é maior que todos nós."

Já na madrugada de quinta-feira (7), ele classificou a solução encontrada como a "menos traumática" e destacou o esforço de mediação:

"Penso que, mais uma vez, o diálogo prevaleceu. Nós tivemos a capacidade de conversar o dia todo com todas as lideranças, de poder demonstrar que não abriríamos mão de reabrir os trabalhos ontem, conforme o regimento prevê, respeitando a nossa Constituição."

Lira e medidas disciplinares

Hugo Motta também reconheceu a atuação do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) nas tratativas para liberar o plenário, afirmando que a participação do alagoano foi "natural":

"Arthur é um amigo. É natural que participe das conversas com as lideranças."

Sobre possíveis punições aos parlamentares envolvidos no bloqueio, Motta foi categórico. A Secretaria-Geral da Mesa já havia alertado, antes mesmo do fim da ocupação, que ações para impedir o funcionamento da Câmara poderiam levar à suspensão imediata do mandato. O presidente da Casa indicou que avaliaria medidas disciplinares ao longo do dia.

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